AMANHECER - PARTE 2
David Arrais
Finalmente!
Depois de 4 anos e 5 filmes chega ao fim a Saga Crepúsculo. E sim, o diretor
Bill Condon consegue entregar o melhor da série. O que não quer dizer, necessariamente, que seja bom.
Depois de
créditos interessantes, ligeiramente sombrios e utilizando imagens de células
se misturando a sangue e imagens microscópicas de plantas, continuamos
imediatamente de onde a história parou na Parte 1, com o despertar de Bella
(Kristen Stewart), que agora é uma vampira. Depois de uma sequência bem construída, em que vemos a descoberta de seus novos poderes, o roteiro nos leva ao tema do triângulo
amoroso Bella-Edward (Robert Pattinson)-Jacob(Taylor Lautner), agora apostando um pouco mais no humor. E felizmente alguém se manifesta contra o inprinting Jacob com um recém-nascido.
E
realmente existem momentos divertidos, como a conversa entre Jacob (Taylor
Lautner) e Charlie (Billy Burke, o melhor ator da série). Essa cena, diga-se, é a ÚNICA em Jacob
aparece sem camisa durante toda a projeção e mais, a única vez em toda a série que
isso ocorre por um motivo aceitável dentro da trama.
O
fato de Bella ter uma filha chega ao conhecimento dos Volture, que temem que
ela seja uma criança imortal, fato que já ocorreu outras vezes, quando uma
criança é transformada em vampiro e, por isso, tem poderes maiores que outros
vampiros, normalmente destrutivos.
A sequência em
que o exemplo de uma criança desse tipo é citada tem um teor violento como
nunca antes visto na série. Por conta desse temor, eles montam um grande grupo
(me recuso a chamar aquilo de exército) para atacar o clã dos Cullen, que por
sua vez, reúnem seus aliados para tentar evitar esse confronto.
A
sequência que ilustra o recrutamento dos aliados dos Cullen possui, curiosamente, os
melhores e piores momentos do filme. Enquanto vemos surgir o personagem mais
interessante de todos os cinco episódios, o tradicionalista e patriota Garrett
(Lee Pace), que odeia estrangeiros, principalmente britânicos, também somos obrigados a ver vampiros índios
da Amazônia brasileira, com maquiagem (!) e roupas de índios americanos. Outro
vampiro com poderes interessantes, porém incrivelmente subaproveitado é Amun
(Omar Metwally).
Nestas
sequências também recebemos várias informações que nunca haviam sido tratadas nos
episódios anteriores, como o autocontrole de Bella e seu poder de “escudo”.E dessa forma
o roteiro se desenvolve, com várias informações que mereciam mais tratamento
sendo jogadas sem maiores explicações (E a desculpa “você não leu o livro” não
funciona. Cinema é cinema, livro é livro).E esquecendo outros fatos importantes: Se os vampiros não sentem frio, porque usam roupas de frio mesmo quando estão sozinhos? Porque Edward deixou de brilhar com a luz do Sol? Porque não há uma mísera cena de Carlisle em Londres, quando sua esposa falou da importância de irem até lá novamente?
Já os
efeitos visuais mantêm o padrão dos anteriores, oscilando sempre entre ruins e
péssimos. Tanto no irritante e excessivo uso do chroma key, como nos ridículos movimentos de corrida dos vampiros.
Ou também em todos os momentos em que aparecem os lobos do clã de Jacob, sempre
inverossímeis. E a prometida como ”épica” sequência de batalha final, além de trôpega e mal coreografada, apresenta um desfecho no mínimo desonesto, com pouquíssimos momentos interessantes.
No campo das atuações, infelizmente, o padrão também se mantém. O trio principal mostra sua habitual
falta de talento e química. A propósito, de todo o clã dos Cullen, os únicos
dignos de nota são Carslile (Peter Facinelli) e Alice (Ashley Greene). Dakota
Fanning continua sendo desperdiçada e Martin Sheen, como Aro, o líder dos
Volture, parece mais se divertir que atuar, soando sempre caricato. E a pequena
Renesmee, além de um nome horroroso, é apenas assustadora, passando quase
despercebida pelo filme.
Concluindo:
o maior alento dessa conclusão da Saga Crepúsculo é que, agrada aos fãs (pelo
menos é o que se pode deduzir pelas reações da plateia) e você que não é fã não
vai ficar com vontade de furar seus olhos e tímpanos ou sentir seu cérebro
atrofiando até o fim da projeção.