O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE
David Arrais
Medo, caos, loucura, violência. Mais uma vez, Christopher
Nolan não nos decepciona. Em o Cavaleiro das Trevas Ressurge ele traz todos os
ingredientes presentes nos dois primeiros filmes da série, potencializando-os,
e encerra sua visão do mundo sombrio do homem Morcego, ainda que com alguns
problemas, de forma grandiosa.
Já se
passaram oito anos desde a morte de Harvey Dent, evento que foi usado pelas
autoridades para criarem o Ato Dent, que ajudou a quase destruir o crime
Organizado em Gotham City. Por ter assumido a culpa de seu assassinato o Batman
está agora inativo, ao mesmo tempo em que seu alter-ego, Bruce Wayne (Christian
Bale), está de luto pela morte de sua amada, Rachel Dawes, apesar dos apelos de
seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine, simplesmente brilhante) para que
retorne à sua vida “normal”.
É neste universo, de uma Gotham
pacificada, que surge o misterioso e ameaçador Bane (Tom Hardy), um mercenário
que foi banido da Liga das Sombras por Ra’as Al Ghul (Liam Neeson) e a gatuna
Selina Kyle (Anne Hathaway), ladra profissional, especializada em roubo de
joias.
Enquanto isso, o comissário
Gordon (Gary Oldman), enquanto resolve seus problemas com o chefe de polícia
Foley (Matthew Modine) tem um novo pupilo na força policial, o jovem e
idealista Blake (Joseph Gordon-Levitt), que cresceu no orfanato mantido pela
fundação Wayne, e que não se conforma com a versão oficial da morte de Harvey
Dent.
Diante de tantos personagens, a
maioria novos, a história acaba tendo que ser desenvolvida em várias subtramas,
sendo quase todas igualmente eficazes e bem amarradas.
A subtrama
que envolve Bane e suas ações, é muito bem desenvolvida, nos levando a conhecer
a fundo aquele personagem, seu plano e de onde vem seu desprezo pelo Batman e
seu ódio pela cidade.
Dentre
as demais subtramas, a mais interessante é a que envolve Blake e o comissário
Gordon. Desde o início, Blake vê no experiente policial um exemplo em quem tenta se espelhar. Ele também
estabelece uma conexão fundamental com Bruce Wayne, protagonizando um dos
monólogos mais interessantes da trilogia.
O único
personagem desinteressante é Miranda Tate (Marion Cotillard), que tem papel
fundamental na história, porém é mal desenvolvido, sofrendo reviravoltas que
lembram um pouco às “surpresas” das últimas produções de Shyamalan. Compreendo
sua importância no universo dos quadrinhos, mas aqui, não convenceu.
No
campo das atuações, todos estão extremamente convincentes. Christian Bale
consegue transmitir toda a dor (física e emocional) de Bruce Wayne, desde seus
momentos de luto às provações pelas quais tem que passar para seu
“ressurgimento”.
Michael Caine rouba a
cena sempre que aparece, especialmente no momento mais emocionante do filme, em
que demonstra que mais do que o fiel escudeiro do Cavaleiro das Trevas, sempre
foi o verdadeiro pai de Bruce Wayne.
Anne Hathaway está excepcional como a sensual e misteriosa Selina
Kyle/Mulher-gato (mas não superou a Mulher-gato de Michelle Pfeiffer).
Já Tom
Hardy, consegue criar com Bane um vilão ainda mais assustador do que o Coringa
de Heath Ledger. É a primeira vez que realmente tememos pelo destino do Homem
Morcego. Ele se coloca como um adversário à sua altura, estando sempre um passo
à sua frente. Além de impressionar pelo seu porte físico, o tom de suas falas
(apesar de modificadas eletronicamente), é sempre ameaçador, variando sempre
entre a ironia e o desprezo por aqueles que enfrenta.
Mesmo os personagens com pouco
tempo em tela são interpretados com competência, como o Dr. Pavel (Alon
Aboutboul), físico nuclear que é parte fundamental no plano de Bane, o corrupto
Dagget ou o prefeito de Gotham. Há ainda alguns personagens que
estavam presentes nos dois primeiros capítulos (que não posso revelar para não
estragar as surpresas) que completam o elenco de forma magistral.
Do ponto de vista técnico, o
filme é impecável. Desde os efeitos sonoros das cenas de ação e combate, quanto
à fotografia sombria e a trilha sonora, que sempre reforça as emoções do que
está acontecendo na tela, mas sem nunca se sobrepor ou chamar mais atenção do
que o necessário.
Algo que chama a atenção no
projeto é a sua escala. Se em “O Cavaleiro das Trevas” estávamos sempre apreensivos
pelos atos do Coringa, sempre direcionados a indivíduos, aqui o temor é
generalizado. Não existem, além do Batman, alvos únicos. Toda a cidade está sob
constante ameaça, chegando ao seu ápice no momento em que, numa tensa sequência
em plano geral, vemos Gotham ser atacada em dezenas de pontos simultaneamente.
Apesar
de apresentar alguns furos de roteiro, que podem facilmente ser relevados,
desde o início é possível perceber o maior problema do terceiro filme: O
Cavaleiro Das Trevas. Depois de executar de forma tão perfeita o segundo ato da
trilogia, Nolan deixou a expectativa muito alta. Porém, é inegável que encerrou
a sua obra do Cavaleiro das Trevas de forma grandiosa, mantendo o mesmo nível
de todos os trabalhos de sua carreira.
"Algo que chama a atenção no projeto é a sua escala. Se em “O Cavaleiro das Trevas” estávamos sempre apreensivos pelos atos do Coringa, sempre direcionados a indivíduos, aqui o temor é generalizado."
ResponderExcluir"O único personagem desinteressante é Miranda Tate (Marion Cotillard), que tem papel fundamental na história, porém é mal desenvolvido, sofrendo reviravoltas que lembram um pouco às “surpresas” das últimas produções de Shyamalan"
E é justamente por essas duas razões (e mais uma terceira que comento pessoalmente), que The Dark Knight foi muito superior ao Rises.
Na verdade, Dark Knight é muito superior a quase todos os filmes policiais e adaptções de quadrinhos!
ResponderExcluirCara adorei sei comentário, mas claro como não podia deixar de ser eu, tenho que descordar.
ResponderExcluirPrimeiro, não gostei muito da Anne Hathaway, não eh tão sexy. Mas as participações dela no filme foram legais sim.
Agora o principal, não achei o Bane melhor vilão do que o Coringa, os dois estavam sempre um passo a frente do Batmam, os dois pegaram o Batmam de jeito, ele não lutava tão bem quanto o Wayne mas era tão inteligente quanto, o Bane era mais durão, tinha uma mente por trás dele, o Coringa não, era só ele!
Alias, quem deu o passo a frente dos dois vilões foi o Gordon, e o Batmam terminava o serviço.
Achei esse filme um filmão, bom d+. Em questão de filme achei o terceiro mais completo, ele mostra o porquê dos problemas e das raivas, das desigualdades, mas em questão de vilão, pra mim, o Coringa ganha.
Abraço