O VINGADOR DO FUTURO
David Arrais
Lançado em 1990, o cultuado “O vingador do futuro”,
dirigido por Paul Verhoeven e estrelado por Arnold Schwarzenegger, foi um dos
grandes exemplares do gênero ficção científica, servindo de inspiração para
várias obras do estilo, tais como “Matrix”, “Minority Report" e “A
Origem”.
Nesse remake dirigido pro Len Wiseman (Anjos da Noite), o
cenário é diferente. Depois de uma guerra química que quase destruiu a vida na
terra, o mundo está dividido em dois polos: a Colônia (na Oceania), onde
trabalham e vivem a parcela pobre da humanidade, e a Federação Britânica (no
Norte da Europa), onde vivem os mais favorecidos. A única ligação entre as duas regiões se dá
pela “Queda”, um meio de transporte ultrarrápido, que atravessa o planeta
através de um túnel gigantesco em apenas 17 minutos.
Douglas Quaid (Colin Farrel) é um operário infeliz, que
vive uma rotina massacrante, sempre
fazendo a travessia da Queda ao lado do seu amigo Harry, sentado no mesmo
assento, e exercendo a mesma função na fábrica de androides. Casado com Lori
(Kate Beckinsale) a 7 anos, ele percebe a possibilidade de escapar da mesmice
com a empresa Rekall, que insere memórias artificiais na mente dos clientes.
A partir daí, o filme segue um ritmo de ação quase
ininterrupto até o fim, com cenas de luta extremamente criativas, como o
primeiro combate de Quaid com os policiais da federação, ou uma sequência
envolvendo três personagens dentro de um elevador que se movimenta em todas as
direções.
Quando não está nesses momentos frenéticos, o roteiro sempre
brinca com a expectativa do público, com alterações em cenas marcantes,
mostrando respeito ao material original, além de guiá-lo através da história.
Boa parte das alterações funciona, como a cena do disfarce na alfândega, ou a
clássica prostituta com três seios.
Colin Farrel mostra ter sido uma boa escolha para o papel
principal, a conversa entre o Quaid do passado e do presente. Jessica Biel
também funciona no papel da heroína Milena, mantendo boa química com Farrel.
A mudança mais positivamente significativa é a
personalidade de Lori, que aqui lembra uma Sarah Connor, de O Exterminador do
Futuro, obstinada em atingir seu objetivo, mesmo que para isso tenha que
desobedecer a ordens de seus superiores, criando uma antagonista realmente
ameaçadora.
A direção de arte é muito bem executada, com a assepsia dos
vagões do trem que percorre a Queda, a criação dos ambientes menos glamourosos
da Federação, e o clima pós-apocalíptico (claramente inspirado em Blade Runner), da Colônia, conseguindo assim enfatizar o contraste entre as duas
“civilizações”.
Os efeitos visuais tem participação fundamental, sendo sempre bastante convincentes. A trilha sonora é bem equilibrada, nunca se sobrepondo ao que se vê na tela. Alguns efeitos sonoros deixam a desejar, especialmente nas cenas de luta.
Os elementos futurísticos são bastante criativos e realistas, como o
celular implantado nas mãos, as telas digitais espalhadas por toda a cidade, as
mini câmeras usadas pela polícia, os carros e rodovias até as armas, tanto de
fogo como as não-letais.
Porém, alguns dos principais pontos fracos do filme (como
de qualquer refilmagem) são: a permanente comparação com a obra original e o
fato de sabermos o que acontece em algumas cenas-chave, além da expectativa de
qual será o resultado final das alterações realizadas. Apesar das mudanças no
roteiro, o filme manteve a essência do original, e foi além, incrementando as
cenas de ação e obviamente, os efeitos visuais.
Mesmo com algumas pontas soltas, como as motivações de
Cohaagen (Bryan Cranston) ou mesmo de Matthias (Bill Nighy), o filme é capaz de
prender a atenção e divertir na mesma medida e com um resultado final superior
ao original.
Verei! =D Fiquei curiosa quão mudado ficou.
ResponderExcluirGostei do texto! ;]