Do blog do Mauro Cézar Pereira, no espn.com.br
Está no site Congresso em Foco: "Zero de impostos para Fifa na Copa de 2014" — clique aqui e leia. A nova facada nos cofres públicos e no bolso do contribuinte com pretexto futebolístico foi anunciada segunda-feira pelo site do Ministério do Esporte, que ressaltou: "A isenção tributária é uma das 11 garantias governamentais oferecidas pelo governo federal para cumprir as exigências da Fifa para a realização da Copa do Mundo no Brasil".
Sim, sim, muito bonito. A "Dona" Fifa traz seu evento para o Brasil e impõe condições. E elas não são poucas. Em meio a todas exigências, a de que o Brasil abra mão de tributos. Com isso, não só a entidade internacional como seus parceiros comerciais terão absoluta isenção por conta do Mundial de Futebol em 2014. Mais patético ainda é que não foi a Fifa quem apresentou um pedido nesse sentido, mas o governo brasileiro tenta convencê-la.
Assim, o projeto detalhando o "presente" foi apresentado ao ilustríssimo secretário-geral Jerome Valcke, pelo homem que mais troféus e medalhas entrega no país. Ele mesmo, o ministro do Esporte, Orlando Silva. O site acrescenta que o texto a ser enviado ao Congresso em fevereiro ainda sofrerá ajustes por parte da Fifa. Sim, senhoras e senhores, a toda poderosa do futebol ainda vai alterar o que achar necessário.
A notícia publicada pelo Congresso em Foco tem trechos ainda mais estarrecedores: "(Orlando) Silva, o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Machado, o secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Alcino Rocha, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, membros da Casa Civil e de outros órgãos do governo esperavam pela aprovação da entidade que rege o futebol. Apesar da instituição ter gostado do que viu, ainda pediu um tempo para analisar a matéria".
Observe bem o detalhe: a Fifa exige isenção de impostos. O governo assegura que dará. Para isso apresenta um projeto à entidade e ela, a "dona" do futebol, pede para analisar e ver se está ok. Demais, não? Soberania nacional é lixo perto das exigências desses cartolas. E nem estamos falando de outras aberrações em nome da Copa 2014, como os estádios bancados pelo dinheiro público e suas cifras astronômicas, como R$ 500 milhões pela (mais uma) reforma do Maracanã.
O resumo da ópera? Voltemos ao Congresso em Foco: "A Fifa terá a isenção de impostos como PIS e Cofins, que incidem sobre faturamento; Imposto de Renda; contribuição previdenciária do empregador; IOF e imposto de importação, entre outros".
Em outubro o site mostrou a saia justa entre as pastas do Esporte e da Fazenda. Orlando Silva e seus Blue Caps queriam atender a todas as exigências. Já o ministério de Guido Mantega pretendia um meio-termo, "como foi na Copa da Alemanha". O Congresso em Foco acrescenta que, ao final, prevaleceu o que acontecerá este ano na África do Sul: 100% de isenção.
Fifa e parceiros estarão livres de impostos de janeiro do ano que vem até o fim de 2015! E a Copa terminará em julho de 2014. Claro que políticos e dirigentes têm várias desculpas para isso. Como contribuinte e cidadão, você as engole se quiser. Acha que acabou? Tem mais: a entidade cobra garantias de proteção às suas marcas. Ou seja, quer se livrar da pirataria, algo que, na prática, ninguém consegue.
Satisfeito? Calma, ainda tem mais. Outra exigência é a fácil concessão de vistos de trabalho temporários, de imigração etc. Ela será dada. Assim, se Osama Bin Laden for amigo dos cartolas, quem sabe ele não aparece para ver a Copa?!
Acha que acabou? em breve novas notícias de como nós, e somente nós, contribuintes, pagaremos pela COPA 2014, provavelmente sem boa parte do retorno prometido.
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