terça-feira, 11 de setembro de 2012

O DITADOR


O DITADOR




David Arrais

         O Ditador, conta a história de Aladeen (Sacha Baron Cohen), que tem como um de seus hobbies mandar executar funcionários está sendo acusado pela ONU de desrespeitar os direitos humanos (“o que é isso?”) e de estar enriquecendo urânio para a fabricação de armas nucleares, algo engado por ele em um convincente discurso popular, da sacada de seu gigantesco e narcisista palácio.

Diante das acusações, ele é orientado por seu tio e conselheiro Tamir (Ben Kingsley) a discursar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Depois de ser enganado por pessoas de seu imenso séquito, ele acaba sendo salvo por Zoey (Anna Faris), uma ativista feminista vegetariana que luta por todas as causas que envolvem minorias.
          
          A partir daí, a história segue um tortuoso caminho até o seu rápido final. Apesar de ter uma trama interessante, que nos instiga a querer saber como Aladeen conseguirá seus objetivos, o roteiro mostra-se falho, na medida em que os momentos cômicos são meramente jogados na tela, sem muita conexão entre si, com uma quantidade excessiva de cortes.

Diferentemente de Brüno e Borat, aqui as gags são encenadas, deixando de lado o formato de mockumentary (documentário fictício), diminuindo o impacto de algumas delas, como o momento em que Aladeen agride alguns clientes na loja de Zoey.

Outro grande defeito do filme foi a sua campanha de marketing. Como ultimamente acontece com a maioria das comédias, algumas das passagens mais engraçadas foram exibidas a exaustão nos trailers, que vem aparecendo nos cinemas desde o começo de 2012, o que acabou por enfraquecê-las.

A participação de Anna Faris também é contestável. Famosa pela franquia “Todo Mundo em Pânico”, sua performance é mais uma vez caricatural ao extremo, com sua voz constantemente histérica e os olhos arregalados, ultrapassando o estereótipo de sua personagem. Curiosamente, suas aparições sempre melhoram quando ele adota uma interpretação mais contida.

Porém, nem tudo são problemas em O Ditador. A participação de John C. Reilly, como o segurança particular do general em solo americano é divertidíssima, como na passagem em que Aladeem o ensina como utilizar alguns instrumentos de tortura. Bobby Lee está engraçadíssimo como o Sr. Lao, representante do governo chinês que tem um curioso fetiche por celebridades.

Ben Kingsley exibe a competência habitual, apesar de em alguns momentos parecer tão constrangido e desconfortável quanto seu personagem ao ter que se submeter aos caprichos do sobrinho “Líder Supremo”.

Impossível deixar de destacar a participação de Jason Mantzoukas como Nadal, o cientista que se torna companheiro de Aladeen durante sua estadia nos EUA, e que possui uma química fantástica com Sacha, sempre engrandecendo a produção quando aparecem juntos.

Também são dignas de nota as aparições de Megan Fox e Edward Norton, que participam de duas das mais divertidas sequências do filme.

Como não poderia deixar de ser, a grande estrela é Sacha. Mostrando mais uma vez seu incrível talento como ator, ele nos entrega um personagem quase tão cativante quanto Borat. Apostando mais no humor criado a partir dos diálogos e reações de seu peronagem, como no momento em que anda de moto com Zoey, ele procura fugir um pouco do humor físico, ainda que ele esteja presente, como numa escatológica cena envolvendo uma mulher em trabalho de parto e um celular. Contudo, o auge de sua performance é o momento em que Aladeen faz uma descoberta que promete “mudar sua vida”.

Convencido por sua própria propaganda, o grande Almirante–General está sempre convicto de sua superioridade e de suas qualidades, mesmo quando está fora de seus domínios. Ele também sempre faz questão de exibir seus talentos exercitados durante a sua “carreira” como “opressor supremo”.

Concluindo com um discurso digno de aplausos, ao comparar os males da democracia com os benefícios da ditadura, Sacha Baron Cohen consegue mais uma vez achincalhar a sociedade e cultura supérflua e consumista norte-americana, virando as costas para o politicamente correto, garantindo com isso, ótimas risadas.

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