segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sombras da noite


Segundo exercício do curso. 


SOMBRAS DA NOITE
David Arrais

Johnny Depp e Tim Burton já trabalharam juntos anteriormente em grandes obras, tais como “A Lenda do cavaleiro sem cabeça” e “Ed Wood”(provavelmente o melhor filme da dupla), e produções não tão boas, como “Alice no País das Maravilhas”. “Sombras da Noite” certamente não é o melhor trabalho de Tim Burton, mas está longe de ser o pior.

O filme conta a história de Barnabás Collins (Depp) desde a infância, quando chegou aos Estados Unidos, junto com a família no fim do século XVIII e como conquistaram sua imensa fortuna, passando por sua adolescência até chegar na fase adulta.

Depois de presenciar a morte de sua amada, Barnabás é transformado em um vampiro pela bruxa Angelique (Eva Green), evento que, pouco depois, nos leva ao ano de 1972.

Em 1972 somos apresentados a Srta. Victoria Winters(Bella Heathcote), que se candidata ao cargo de governanta do castelo dos Collins, onde vivem os últimos remanescentes daquela outrora poderosa família: Elizabeth (Michele Pfeifer), a “chefe”da família, com seu irmão Roger (Jonny Lee Miller),sua filha Carolyn (Chloë Moretz) e seu sobrinho David (Gulliver McGrath), além dos sempre engraçados criados Willy (Jackie Early Haley, que, merecia aparecer mais, sempre roubando a cena) e Sra. Johnson, hilária mesmo sem dizer uma palavra durante todo o filme..

Completando os moradores do castelo está a Dra. Hoffman (Helena Bonham Carter), uma psiquiatra (cuja caracterização parece inspirada na figura da “Mãe” do filme The Wall) que ajuda no tratamento da aparente doença mental de David.

Apesar do trabalho bem executado por todo o elenco (exceto por Bella Heathcote, apagada e inexpressiva), as atuações de Johnny Depp e de Eva Green se destacam, pois, apesar de carregadas de exageros, não chegam a ser caricaturais, atingindo o ápice cômico em uma cena digamos, criativa, no escritório dela. Ou no clímax do filme, no terceiro ato.

O fato de voltar ao mundo depois de quase 200 anos permite ao roteiro explorar bastante a anacronia do personagem de Depp, com momentos engraçadíssimos, como seu primeiro encontro com um “novo” símbolo satânico, a sua chegada a mansão dos Collins e também o momento em que pede conselhos “sociais” à Carolyn.

Algo que chama a atenção são as citações de vários filmes, envolvendo a temática sobrenatural, como “Nosferatu”, “Drácula” (com a participação de Christopher Lee em pessoa), “Drácula de Bram Stoker”, “Exorcista”, “A Morte Lhe Cai Bem” além da forma como ele brinca com os clichês e superstições sobre vampiros: reflexos no espelho, Sol (aqui o Sol queima a pele do vampiro, não faz com que ela brilhe), a preferência por dormir em caixões e a prata.

Apesar dessas citações, facilmente podemos perceber vários elementos recorrentes na filmografia de Burton, como os tons sombrios, palidez, cenáros grandiosos, a relação do filho com a figura paterna, a presença de dispositivos criativos, tais como a máquina de tranfusão de sangue e as passagens secretas pelo castelo.

A direção de arte também cumpre seu papel de reconstruir aquele ano, como a marca antiga de um posto de gasolina, ou ao mostrar o filme “Amargo pesadelo” em cartaz em um cinema da cidade. Ela também se mostra bastante eficiente ao mostrar toda a decadência do clã dos Collins, ao mostrar um carro abandonado no  jardim e coberto por mato, ou a maioria dos ambientes do castelo empoeirados e sombrios, exceção feita ao quarto de Carolyn, extremamente colorido.

Essa decadência é contrastante à sofisticação do escritório de Angelique, bastante requintado, carregado no branco e no vermelho. Também chama a atenção o uso do vermelho na composição das cenas (outra marca frequente de Burton), sempre nos lembrando do gosto do protagonista por sangue.

É uma pena que, apesar de todas as qualidades técnicas, o filme se perca em seu terceiro ato, com uma sucessão de “surpresas” completamente desnecessárias, que nada acrescentam à narrativa. Além de um gancho para uma continuação desnecessário e nada surpreendente.

Um bom filme, porém prejudicado por um final que não está à altura das atuações e do trablaho da equipe técnica.

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