Segundo exercício do curso.
SOMBRAS DA
NOITE
David Arrais
Johnny Depp e Tim Burton já trabalharam juntos anteriormente em grandes
obras, tais como “A
Lenda do cavaleiro sem cabeça” e “Ed Wood”(provavelmente o melhor filme da
dupla), e produções não tão boas, como “Alice no País das Maravilhas”.
“Sombras da Noite” certamente não é o melhor trabalho de Tim Burton, mas está longe
de ser o pior.
O filme conta a história de Barnabás Collins (Depp) desde a infância,
quando chegou aos Estados
Unidos, junto com a família no fim do século XVIII e como conquistaram sua imensa
fortuna, passando por sua adolescência até chegar na fase adulta.
Depois de presenciar a morte de sua amada, Barnabás
é transformado
em um vampiro pela bruxa Angelique (Eva Green), evento que, pouco depois, nos leva ao
ano de 1972.
Em 1972 somos apresentados a Srta. Victoria Winters(Bella Heathcote),
que se candidata
ao cargo de governanta do castelo dos Collins, onde vivem os últimos remanescentes
daquela outrora poderosa família: Elizabeth (Michele Pfeifer), a “chefe”da família,
com seu irmão Roger (Jonny Lee Miller),sua filha Carolyn (Chloë Moretz) e seu sobrinho
David (Gulliver McGrath), além dos sempre engraçados criados Willy (Jackie
Early Haley, que, merecia aparecer mais, sempre roubando a cena) e Sra. Johnson, hilária mesmo sem dizer uma palavra durante todo o filme..
Completando os moradores do castelo está a Dra. Hoffman (Helena Bonham
Carter), uma
psiquiatra (cuja caracterização parece inspirada na figura da “Mãe” do filme
The Wall) que ajuda no
tratamento da aparente doença mental de David.
Apesar do trabalho bem executado por todo o elenco (exceto por Bella
Heathcote, apagada e inexpressiva), as atuações de Johnny Depp e de Eva Green se destacam,
pois, apesar de carregadas de exageros, não chegam a ser caricaturais,
atingindo o ápice
cômico em uma cena digamos, criativa, no escritório dela. Ou no clímax do
filme, no terceiro
ato.
O fato de voltar ao mundo depois de quase 200 anos permite ao roteiro
explorar bastante a
anacronia do personagem de Depp, com momentos engraçadíssimos, como seu primeiro
encontro com um “novo” símbolo satânico, a sua chegada a mansão dos Collins e também o
momento em que pede conselhos “sociais” à Carolyn.
Algo que chama a atenção são as citações de vários filmes, envolvendo a
temática sobrenatural,
como “Nosferatu”, “Drácula” (com a participação de Christopher Lee em pessoa),
“Drácula de Bram Stoker”, “Exorcista”, “A Morte Lhe Cai Bem” além da forma como ele brinca
com os clichês e superstições sobre vampiros: reflexos no espelho, Sol (aqui o
Sol queima a pele
do vampiro, não faz com que ela brilhe), a preferência por dormir em caixões e a prata.
Apesar dessas citações, facilmente podemos perceber vários elementos
recorrentes na filmografia
de Burton, como os tons sombrios, palidez, cenáros grandiosos, a relação do
filho com a figura
paterna, a presença de dispositivos criativos, tais como a máquina de tranfusão de sangue e
as passagens secretas pelo castelo.
A direção de arte também cumpre seu papel de reconstruir aquele ano,
como a marca antiga de um
posto de gasolina, ou ao mostrar o filme “Amargo pesadelo” em cartaz em um cinema da
cidade. Ela também se mostra bastante eficiente ao mostrar toda a decadência do clã dos
Collins, ao mostrar um carro abandonado no jardim e coberto por mato, ou a maioria dos ambientes
do castelo empoeirados e sombrios, exceção feita ao quarto de Carolyn, extremamente
colorido.
Essa decadência é contrastante à sofisticação do escritório de
Angelique, bastante requintado,
carregado no branco e no vermelho. Também chama a atenção o uso do vermelho na
composição das cenas (outra marca frequente de Burton), sempre nos lembrando do
gosto do
protagonista por sangue.
É uma pena que, apesar de todas as qualidades técnicas, o filme se
perca em seu terceiro
ato, com uma sucessão de “surpresas” completamente desnecessárias, que nada acrescentam
à narrativa. Além de um gancho para uma continuação desnecessário e nada
surpreendente.
Um bom filme, porém prejudicado por um final que não está à altura da s atuações e
do trablaho da equipe técnica.
Um bom filme, porém prejudicado por um final que não está à altura da