terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Homem da Máfia

O HOMEM DA MÁFIA
David Arrais


O Homem da máfia conta a história de um acerto de contas entre criminosos. Depois que ladrões “amadores”, a mando de Johnny Amato, o Esquilo (Vincent Curatola) fazem um assalto a um jogo de cartas clandestino, as suspeitas caem sobre Markie Trattman (Ray Liotta), dono do lugar onde ocorriam os encontros, que já havia feito algo parecido no passado.  Diante disso, Dillon (Sam Shepard) manda um homem de confiança (Richard Jenkins) procurar por Jackie Cogan (Brad Pitt), um mercenário, especializado em resolver esse tipo de “problema”.

Escrito e dirigido por Andrew Dominik, o filme oscila entre bons e maus momentos, infelizmente se demorando mais nos maus. Apesar de ter uma estrutura coesa, o roteiro acaba por tornar-se enfadonho, sem ritmo, exagerando em diálogos longos, chegando a soar pretensioso em diversos momentos. E chega a ser curioso o fato de o mesmo roteiro ter excelentes confrontos baseados apenas em diálogos, extremamente tensos.

Outro ponto alto do roteiro é o modo como é mostrada a passagem do tempo é inteligente e orgânica, explicando desde o início como começou a crise econômica de 2008, com discursos reais do então senador Barack Obama e do presidente George W. Bush até a eleição do candidato democrata. Com isso, é sempre feito um contraponto com o impacto que aquele golpe teve na microeconomia da organização criminosa.

Tecnicamente, é uma obra muito bem realizada. A fotografia utiliza sempre cores neutras e sombrias, enaltecendo o clima tenso da vida daquelas pessoas. A trilha sonora também é competente, sendo utilizada em poucos momentos, sempre reforçando os pontos de tensão da trama.

Algumas cenas são visualmente espetaculares, como um dos atentados, que apesar do uso um pouco exagerado de câmera lenta, mostra-se bastante criativa, ou o espancamento de um dos personagens, assustadoramente realista.   

Todas as atuações são dignas de elogio. Desde Scoot McNairy e Ben Mendelsohn, que interpretam os jovens ladrões amadores, a Richard Jenkins que está seguro e competente (como sempre) como o Motorista que é o contato de Cogan. James Gandolfini poderia ser o ator de maior destaque do elenco, não fosse por um pequeno detalhe: Seu personagem, Mickey, que é bastante interessante, diga-se, é completamente desnecessário ao desenvolvimento do filme. Já Ray Liotta consegue entregar uma performance brilhante, ainda que seu personagem não tenha tanto destaque.

Infelizmente, outra grande decepção é Brad Pitt. Parecendo estar sempre no piloto automático, ele não convence como um mercenário frio e ameaçador, parecendo alheio ao que está acontecendo a sua volta. As únicas exceções são a sequência que envolve a última execução e acena final no bar.

E esta é a grande sensação ao fim de O Homem da Máfia. Decepção. Uma boa ideia, ótimos personagens, direção competente, mas de cenas isoladas, que, ao serem montadas, fizeram o filme parecer durar três vezes mais do que realmente dura. Ou deveria durar. 

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