David Arrais
O Homem da máfia conta a
história de um acerto de contas entre criminosos. Depois que ladrões “amadores”,
a mando de Johnny Amato, o Esquilo (Vincent Curatola) fazem um assalto a um
jogo de cartas clandestino, as suspeitas caem sobre Markie Trattman (Ray
Liotta), dono do lugar onde ocorriam os encontros, que já havia feito algo
parecido no passado. Diante disso,
Dillon (Sam Shepard) manda um homem de confiança (Richard Jenkins) procurar por
Jackie Cogan (Brad Pitt), um mercenário, especializado em resolver esse tipo de
“problema”.
Escrito e dirigido por Andrew
Dominik, o filme oscila entre bons e maus momentos, infelizmente se demorando
mais nos maus. Apesar de ter uma estrutura coesa, o roteiro acaba por tornar-se
enfadonho, sem ritmo, exagerando em diálogos longos, chegando a soar pretensioso
em diversos momentos. E chega a ser curioso o fato de o mesmo roteiro ter
excelentes confrontos baseados apenas em diálogos, extremamente tensos.
Outro ponto alto do roteiro é o
modo como é mostrada a passagem do tempo é inteligente e orgânica, explicando
desde o início como começou a crise econômica de 2008, com discursos reais do
então senador Barack Obama e do presidente George W. Bush até a eleição do
candidato democrata. Com isso, é sempre feito um contraponto com o impacto que
aquele golpe teve na microeconomia da organização criminosa.
Tecnicamente, é uma obra muito
bem realizada. A fotografia utiliza sempre cores neutras e sombrias, enaltecendo
o clima tenso da vida daquelas pessoas. A trilha sonora também é competente,
sendo utilizada em poucos momentos, sempre reforçando os pontos de tensão da
trama.
Algumas cenas são visualmente
espetaculares, como um dos atentados, que apesar do uso um pouco exagerado de
câmera lenta, mostra-se bastante criativa, ou o espancamento de um dos
personagens, assustadoramente realista.
Todas as atuações são dignas de
elogio. Desde Scoot McNairy e Ben Mendelsohn, que interpretam os jovens ladrões
amadores, a Richard Jenkins que está seguro e competente (como sempre) como o
Motorista que é o contato de Cogan. James Gandolfini poderia ser o ator de
maior destaque do elenco, não fosse por um pequeno detalhe: Seu personagem, Mickey,
que é bastante interessante, diga-se, é completamente desnecessário ao
desenvolvimento do filme. Já Ray Liotta consegue entregar uma performance
brilhante, ainda que seu personagem não tenha tanto destaque.
Infelizmente, outra grande
decepção é Brad Pitt. Parecendo estar sempre no piloto automático, ele não
convence como um mercenário frio e ameaçador, parecendo alheio ao que está
acontecendo a sua volta. As únicas exceções são a sequência que envolve a última
execução e acena final no bar.
E esta é a grande sensação ao fim
de O Homem da Máfia. Decepção. Uma
boa ideia, ótimos personagens, direção competente, mas de cenas isoladas, que,
ao serem montadas, fizeram o filme parecer durar três vezes mais do que
realmente dura. Ou deveria durar.
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